A prática conhecida como OMAD desperta curiosidade por seus efeitos rápidos na balança, mas levanta dúvidas sobre os impactos no metabolismo e na qualidade de vida.
O método de comer apenas uma vez por dia, conhecido como OMAD (one meal a day), ganhou força entre quem busca resultados rápidos na perda de peso. A proposta é simples: concentrar todas as calorias diárias em uma única refeição, deixando o restante do dia em jejum. Na teoria, essa restrição calórica intensa acelera o uso das reservas de gordura e reduz o peso corporal. Na prática, o resultado depende da adaptação de cada organismo e do conteúdo nutricional dessa única refeição.
Quando o corpo passa longos períodos sem receber alimento, ele passa a recorrer às reservas energéticas, utilizando gordura como combustível. Esse processo favorece a queima de tecido adiposo e pode contribuir para a redução de medidas em curto prazo. Entretanto, o intervalo prolongado entre refeições altera o funcionamento metabólico. A produção de hormônios ligados à saciedade e ao estresse, como insulina e cortisol, tende a oscilar, o que pode provocar cansaço, irritação, dor de cabeça e queda no desempenho físico e mental.
O padrão de uma refeição diária também impõe desafios nutricionais. É difícil atingir em um único prato a quantidade de proteínas, fibras, vitaminas e minerais necessários para manter o corpo equilibrado. Com o tempo, surgem sinais de deficiência, como queda de cabelo, enfraquecimento das unhas, perda de massa muscular e baixa imunidade. Além disso, o apetite reprimido ao longo do dia costuma resultar em episódios de compulsão, especialmente quando o cardápio é composto por alimentos ultraprocessados e ricos em gordura.
O horário escolhido para comer influencia diretamente a resposta do corpo. Refeições noturnas pesadas, por exemplo, comprometem o sono e a digestão, enquanto comer no meio do dia tende a gerar respostas mais estáveis de glicose e energia. O impacto da OMAD, portanto, não está apenas na quantidade de refeições, mas em como elas se encaixam no ritmo biológico de cada pessoa.
Embora o método prometa praticidade e emagrecimento rápido, os riscos associados superam os benefícios em longo prazo. A alimentação deve garantir constância, diversidade e equilíbrio — elementos que uma única refeição dificilmente oferece. O emagrecimento sustentável continua dependendo de um conjunto de fatores: qualidade dos alimentos, regularidade nas refeições, hidratação adequada e rotina de sono e atividade física.