A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é um distúrbio respiratório caracterizado por obstruções recorrentes das vias aéreas superiores durante o sono, levando a interrupções na respiração e fragmentação do sono.
O tratamento da AOS é multifacetado e requer uma abordagem multidisciplinar. Entre os profissionais envolvidos, o cirurgião-dentista desempenha um papel crucial, especialmente no diagnóstico precoce e na implementação de terapias com dispositivos intraorais.
O Papel do Dentista na AOS
O dentista é frequentemente o primeiro profissional a identificar sinais de AOS durante exames clínicos de rotina. Características como palato estreito, retrognatismo mandibular e hipertrofia de tecidos moles podem indicar predisposição à obstrução das vias aéreas superiores. Além disso, sintomas como bruxismo, boca seca e queixas de ronco relatadas pelos pacientes são indicativos importantes.
A utilização de dispositivos intraorais, como os aparelhos de avanço mandibular (AAM), tem se mostrado eficaz no tratamento da AOS leve a moderada. Esses dispositivos reposicionam a mandíbula e a língua, mantendo as vias aéreas superiores desobstruídas durante o sono.
Abordagem Multidisciplinar
O tratamento eficaz da AOS envolve a colaboração entre diversos profissionais de saúde, incluindo médicos do sono, otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e nutricionistas. O dentista, ao identificar sinais de AOS, deve encaminhar o paciente para avaliação médica e exames complementares, como a polissonografia, que é o padrão-ouro para o diagnóstico da AOS. Com base nos resultados, a equipe multidisciplinar pode definir o melhor plano de tratamento, que pode incluir o uso de CPAP, cirurgia ou dispositivos intraorais.
Importância do Diagnóstico Precoce
A identificação e o tratamento precoces da AOS são fundamentais para prevenir complicações associadas, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e acidentes devido à sonolência diurna. Além disso, a AOS não tratada pode impactar negativamente a qualidade de vida, causando fadiga crônica, dificuldades de concentração e alterações de humor.
Em crianças, a AOS pode afetar o desenvolvimento cognitivo e comportamental, sendo essencial a atuação do dentista na identificação de alterações craniofaciais e na implementação de terapias ortodônticas precoces.
*Alexandre Annibale é cirurgião dentista, especialista em ortodontia, capacitado em odontologia do sono e doutorando pelo laboratório do sono do InCor, da Faculdade de Medicina da USP.
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