Tratamento Multidisciplinar: O Dentista no Controle da Apneia Obstrutiva

*Por Alexandre Annibale 

 

A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é um distúrbio respiratório caracterizado por obstruções recorrentes das vias aéreas superiores durante o sono, levando a interrupções na respiração e fragmentação do sono.  


O tratamento da AOS é multifacetado e requer uma abordagem multidisciplinar. Entre os profissionais envolvidos, o cirurgião-dentista desempenha um papel crucial, especialmente no diagnóstico precoce e na implementação de terapias com dispositivos intraorais.  


O Papel do Dentista na AOS 

O dentista é frequentemente o primeiro profissional a identificar sinais de AOS durante exames clínicos de rotina. Características como palato estreito, retrognatismo mandibular e hipertrofia de tecidos moles podem indicar predisposição à obstrução das vias aéreas superiores. Além disso, sintomas como bruxismo, boca seca e queixas de ronco relatadas pelos pacientes são indicativos importantes.  


A utilização de dispositivos intraorais, como os aparelhos de avanço mandibular (AAM), tem se mostrado eficaz no tratamento da AOS leve a moderada. Esses dispositivos reposicionam a mandíbula e a língua, mantendo as vias aéreas superiores desobstruídas durante o sono. 

 

Abordagem Multidisciplinar 

O tratamento eficaz da AOS envolve a colaboração entre diversos profissionais de saúde, incluindo médicos do sono, otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e nutricionistas. O dentista, ao identificar sinais de AOS, deve encaminhar o paciente para avaliação médica e exames complementares, como a polissonografia, que é o padrão-ouro para o diagnóstico da AOS. Com base nos resultados, a equipe multidisciplinar pode definir o melhor plano de tratamento, que pode incluir o uso de CPAP, cirurgia ou dispositivos intraorais.  


Importância do Diagnóstico Precoce 

A identificação e o tratamento precoces da AOS são fundamentais para prevenir complicações associadas, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e acidentes devido à sonolência diurna. Além disso, a AOS não tratada pode impactar negativamente a qualidade de vida, causando fadiga crônica, dificuldades de concentração e alterações de humor.  


Em crianças, a AOS pode afetar o desenvolvimento cognitivo e comportamental, sendo essencial a atuação do dentista na identificação de alterações craniofaciais e na implementação de terapias ortodônticas precoces. 


*Alexandre Annibale é cirurgião dentista, especialista em ortodontia, capacitado em odontologia do sono e doutorando pelo laboratório do sono do InCor, da Faculdade de Medicina da USP. 


Av. Rebouças, 411 (Jardim Paulista), São Paulo, SP 

Postagem Anterior Próxima Postagem