A abertura de mercados, a disputa por mão de obra e a integração tecnológica estão redefinindo como o país constrói e para quem constrói
*Gustavo Didier
A globalização sempre esteve presente na economia americana, mas seu impacto no setor de construção atingiu um novo patamar nos últimos anos. O que antes era um mercado predominantemente doméstico, baseado em fornecedores locais, mão de obra regional e padrões culturais internos, hoje se tornou um ecossistema internacionalizado, competitivo e profundamente influenciado por fluxos globais de capital, tecnologia e trabalhadores. Essa transformação não apenas remodela as grandes obras de infraestrutura, como também redefine a dinâmica produtiva de construtoras, empreiteiras e cadeias de suprimentos inteiras que sustentam o mercado imobiliário, habitacional e corporativo.
Um dos vetores centrais dessa mudança é o capital estrangeiro. Investidores de países asiáticos, europeus e do Oriente Médio têm ampliado a presença no mercado americano, financiando desde empreendimentos residenciais até complexos industriais e centros logísticos. Esse movimento gera liquidez, acelera prazos e aumenta a escala dos projetos, mas também eleva a competição entre construtoras que precisam se adaptar às exigências internacionais de transparência, governança e padronização técnica. Além disso, fundos globais costumam demandar inovação em sustentabilidade, eficiência energética e modularização, padrões que vêm pressionando o setor americano a adotar tecnologias antes pouco comuns, como construção off-site, impressão 3D, pré-fabricação avançada e integração digital via BIM.
Outro ponto determinante é a globalização da mão de obra. A construção civil nos Estados Unidos enfrenta um déficit crônico de trabalhadores qualificados, impulsionado pelo envelhecimento da força de trabalho, pela redução de profissionais nativos no setor e pelo aumento da demanda por megaprojetos. Nesse cenário, imigrantes se tornaram essenciais para manter o ritmo de crescimento. Hoje, a mão de obra estrangeira ocupa postos fundamentais na execução, na operação e até no gerenciamento de obras. Essa presença internacional não só supre lacunas estruturais, como também traz técnicas, métodos e experiências de outros países que renovam práticas tradicionais e aumentam a produtividade. Em paralelo, as construtoras disputam profissionais altamente qualificados vindos de mercados globais, especialmente engenheiros, arquitetos e especialistas em tecnologia aplicada à construção, reforçando um movimento de intercâmbio de conhecimento técnico.
A cadeia de suprimentos também foi profundamente redesenhada. Componentes estruturais, aço, materiais elétricos, sistemas de climatização, painéis solares e máquinas pesadas agora vêm de fornecedores dispersos pelo mundo. Esse modelo reduz custos e amplia o leque de opções, mas também expõe o setor americano à volatilidade internacional - como ficou claro nas rupturas logísticas pós-pandemia, que atrasaram obras e elevaram preços. Diante disso, construtoras dos EUA passaram a adotar estratégias híbridas: diversificação de fornecedores globais, contratos de longo prazo com fabricantes internacionais e, ao mesmo tempo, investimento em produção doméstica para reduzir riscos estratégicos. O resultado é uma cadeia mais complexa, conectada e resiliente, refletindo o equilíbrio entre eficiência global e segurança local.
A globalização também influencia a regulação e a competitividade. Empresas americanas que atuam internacionalmente, especialmente em mercados emergentes, trazem para o território doméstico aprendizados sobre normas ambientais, modelos de financiamento e prática de construção sustentável que já são padrão em outros países. Isso acelera a modernização do setor e pressiona empresas que ainda resistem a mudanças estruturais. Ao mesmo tempo, grandes players estrangeiros têm expandido operações nos EUA, acirrando a disputa por contratos, talentos e fornecedores. Essa competição gera inovação, mas exige das empresas americanas uma atualização constante em eficiência, tecnologia e gestão.
No campo estratégico, a globalização também redefine prioridades. A construção de fábricas de semicondutores, complexos de energia renovável, centros de logística avançada e infraestrutura digital se tornou prioridade nacional justamente porque os EUA disputam uma posição estratégica na economia global. Isso transforma a construção civil em ferramenta de competitividade geopolítica e coloca o setor no centro de políticas públicas focadas em inovação, segurança e autonomia tecnológica.
*Gustavo Didier é fundador e CEO da Unio Inc. Brasil, referência em estruturação financeira e desenvolvimento de negócios
Sobre a Unio Ventures
A Unio Ventures é o braço de investimentos da holding Unio Inc. e vive uma nova fase de expansão entre Brasil e Estados Unidos, com foco em impacto social, esporte, educação e saúde. Após consolidar operações no mercado americano e assumir o controle da marca esportiva All Weather, a empresa reposicionou sua atuação para investimentos de propósito, dedicados a criar infraestrutura, oportunidades e dignidade por meio de projetos que vão além do retorno financeiro. Liderada por Gustavo Didier, a Unio Ventures planeja investir US$ 1 milhão até 2026 em iniciativas que promovem inclusão e desenvolvimento, combinando o ecossistema brasileiro e americano em uma estratégia de crescimento de via dupla, capaz de transformar vidas e ampliar seu impacto global.
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