A escritora curitibana revela como o jornalismo moldou seu olhar investigativo, por que decidiu abordar a integridade da informação e de que forma transforma casos reais em ficção emocionante sem perder o compromisso com a verdade
Bettina Muradás encontrou na interseção entre jornalismo e literatura policial o terreno ideal para construir histórias que unem paixão, tensão, ética e reflexão social. Em A Última Sentença, romance ambientado em Curitiba e centrado em uma promotora pública e um jornalista que desvendam um esquema de corrupção com ramificações políticas e judiciais, a autora reafirma sua capacidade de transformar investigação real em ficção poderosa.
A trajetória de Bettina como jornalista é o fio que conduz a verossimilhança de sua escrita. Ela afirma que esse passado profissional foi essencial para a construção da obra. “Minha experiência como jornalista foi fundamental para o desenvolvimento desse olhar. A curiosidade natural do jornalista ganha o peso da responsabilidade no exercício da profissão e isso me levou a dedicar muitas horas à pesquisa. Esse olhar mais elaborado pela investigação ajuda a criar uma trama mais verossímil, apesar de se tratar de uma ficção”, explica. O compromisso com a apuração, portanto, tornou-se não apenas técnica literária, mas fundamento ético.
Essa preocupação aparece no cerne do livro. Em meio a atentados, perseguições, esquemas de lavagem de dinheiro e relações complexas entre poder, justiça e imprensa, Bettina faz questão de reforçar o papel do jornalismo investigativo para o funcionamento saudável da sociedade. “Quis falar sobre a importância do jornalismo investigativo. Lembrar que a integridade de quem publica uma notícia é essencial para o funcionamento das engrenagens que movem uma nação. A informação é tão importante quanto o ar que respiramos.” Sua intenção é clara: provocar reflexão, valorizar profissionais que arriscam a própria segurança e questionar estruturas que muitas vezes tentam silenciá-los.
A Última Sentença equilibra romance, mistério e crítica social ao mesmo tempo em que usa a realidade como pano de fundo, sem permitir que ela se torne protagonista absoluta. A autora comenta: “Meu objetivo é contar uma história leve, cheia de reviravoltas, que prenda o leitor desde a primeira página. A realidade entra na trama como um pano de fundo, sempre presente, mas não como personagem principal.” Bettina utiliza um caso verídico para tensionar ficção e realidade, explorando as fragilidades do sistema judiciário ao mesmo tempo que constrói personagens complexos, atraentes e emocionalmente humanos.
No romance, Patrícia Santos, promotora pública e protagonista, tenta remontar peças de uma investigação que atravessa crimes do passado e delitos contemporâneos ligados a doleiros, juízes e atravessadores. Do outro lado da trama, o jornalista André Jardim, veterano e respeitado, costura as conexões necessárias para expor o esquema de corrupção. A parceria entre os dois, construída entre riscos, paixão e pressões políticas, carrega o peso da denúncia e a força da narrativa policial.
Mas, fora da ficção, Bettina mostra que sua vida como escritora também exige disciplina, coragem e entrega. “Cada vez mais a escrita ganha importância na minha vida. Hoje, minha escolha é dedicar meu tempo disponível à profissão de escritora. Como qualquer mulher, sigo na vida de equilibrista, mas sem sofrimento. Apenas exercendo meu direito de priorizar.” A autora revela que escreve nos finais de semana ou nas horas que sobram no dia, e que encontra um refúgio criativo perto do mar, mas reforça que o essencial é insistir no “batuque do teclado”, onde quer que esteja.
Sobre a autora:
Bettina Muradás é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Paraná. Já trabalhou no Estado do Paraná, no Correio de Notícias, na Agência Umuarama, onde era responsável pela redação das publicações internas do Banco Bamerindus e na Singular Agência de Notícias, especializada em assessoria de imprensa. Atualmente, é empresária, escritora, mãe e voluntária no Instituto TMO (suporte ao Transplante de Medula Óssea). “Justiça Escondida” é o terceiro livro de sua autoria. Além dele, escreveu “Inverno no Vale” e “A Reportagem”.
Ficha Técnica:
Livro: A última sentença / Editora: Editora Labrador / Data da publicação: 5 agosto 2025 / Edição: 1ª / Idioma: Português / Número de páginas: 240 páginas / ISBN-10: 6556258792 / ISBN-13: 978-6556258799 / Peso do produto: 399 g / Dimensões: 16 x 1.4 x 23 cm / Preço: R$ 55,00
