*Por Lilian Carvalho
Por mais incrível que possa parecer, a internet brasileira “parou” nos últimos dias por um motivo inusitado: ciúmes entre garotas adolescentes causado por uma solicitação para seguir a conta privada do namorado de uma delas. Alguns pontos devem ser comentados de forma breve: o rapaz em questão é Benício Huck, filho de Luciano Huck e Angélica, então namorado da influenciadora Duda Guerra. Ela, e outras amigas influenciadoras – Liz Macedo e Júlia Pimentel, estavam em viagem a trabalho na cidade de Gramado (RS), quando a solicitação feita pela tiktoker Antonela Braga causou o desentendimento.
Os seguidores, sempre atentos, repararam que esta última começou a ser escanteada pelas demais companheiras, o que desencadeou as fofocas e ajudou a escalonar a briga publicamente. Mães de duas adolescentes envolvidas se pronunciaram publicamente em suas redes sociais, defendendo cada uma a sua, colocando mais fogo. Vale ressaltar que, com exceção de Duda, ainda novata no ramo de influenciadores digitais, todas as envolvidas possuem milhões de seguidores nas redes sociais.
Angélica se pronunciou sobre a importância de preservar a privacidade dos filhos e a saúde mental dos jovens, pedindo empatia e cuidado nas interações online. Eis, finalmente, a lucidez!
Obviamente, muita gente quis saber mais do que se tratava a polêmica e, principalmente, quem eram as pessoas envolvidas. E aqui, quero trazer uma análise de quem está ganhando, se é que podemos usar esse termo.
Segundo dados do Buzzmonitor, nessa quinta-feira (08) as menções relacionadas à Antonela Braga eram 46% negativas e 33% positivas, sendo outras cerca de 21% neutras. Já Duda Guerra teve 58% de menções negativas e 25% positivas. Em termos de seguidores, Liz Macedo, que inicialmente foi quem iniciou a briga pública com Antonela, perdeu mais de 1 milhão nesse período, enquanto a agora rival ganhou mais de 1 milhão de pessoas entre seus seguidores.
Ok, me recuso a aprofundar ainda mais nesse poço de futilidade, mas aqui quero trazer uma reflexão sobre o poder do engajamento. É evidente que esses assuntos são um prato cheio para que figuras públicas e até mesmo marcas interessadas surfem na polêmica e, consequentemente, tenham lucro. Mas será mesmo que vale a pena, considerando o poder destrutivo quando vemos adolescentes, possivelmente sem maturidade, lidando com um assunto que, na vida real, é sim tão pesado?Minha avaliação é de que, nesse caso, ninguém está vencendo.
(*) Lilian Carvalho é PhD em Marketing e coordenadora do Centro de Estudos em Marketing Digital da FGV/EAESP e fundadora da Método Lumière