Avanços em ferramentas digitais e terapias personalizadas elevam a eficácia dos tratamentos e o cuidado com o paciente
*Por Alexandre Annibale
O campo da odontologia do sono, que trata distúrbios como ronco, bruxismo e apneia, vem passando por uma transformação acelerada impulsionada pela tecnologia. Em diversos aspectos do diagnóstico e tratamento, as inovações não apenas ampliam a precisão como também promovem mais conforto, adesão e resultados eficientes aos pacientes.
No diagnóstico, as tecnologias digitais estão mudando o jogo. A tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) oferece imagens tridimensionais detalhadas da anatomia das vias aéreas, mandíbula e tórax, eliminando moldagens físicas e melhorando significativamente o planejamento clínico. Complementados por scanners intraorais de alta precisão, esses exames permitem a criação de dispositivos adaptados exatamente à estrutura do paciente, aumentando a eficácia do tratamento.
Outro avanço são os dispositivos inteligentes intraorais, que vão além da simples contenção do avanço mandibular. Alguns contam com sensores e conectividade que monitoram a posição da mandíbula, a temperatura oral ou os padrões respiratórios durante o sono, possibilitando ajustes e acompanhamento remoto, uma evolução da chamada teleodontologia do sono.
Em paralelo, técnicas como impressão 3D e manufatura assistida por computador tornam os dispositivos mais leves, confortáveis e altamente personalizados. A impressão 3D, possibilita a produção rápida e precisa de aparelhos intraorais projetados digitalmente, reduzindo custos e agilizando o acesso a tratamentos customizados.
Outra tecnologia emergente são os testes domiciliares de apneia, com sensores sem contato, como câmeras térmicas e radares, que monitoram o padrão respiratório durante a noite, sem a necessidade de internação. Esses métodos ainda estão em fase de desenvolvimento, mas possuem potencial para democratizar o acesso ao diagnóstico de forma menos invasiva e mais escalável.
Por fim, a inteligência artificial está sendo integrada aos softwares de análise médica, ajudando a automatizar o reconhecimento de eventos respiratórios e bruxismo, e reduzindo a variabilidade de avaliações realizadas por humanos. Isso não só otimiza o tempo clínico como eleva a confiabilidade dos diagnósticos.
O impacto dessas tecnologias é direto na experiência do paciente: menor desconforto, menos visitas ao consultório e maior adesão ao tratamento. Para os profissionais, as ferramentas oferecem precisão, eficiência e capacidade de personalização que se traduzem em melhorias reais na qualidade de vida dos pacientes com o benefício adicional da sustentabilidade, já que dispensa moldes físicos e procedimentos invasivos.
*Alexandre Annibale é cirurgião dentista, especialista em ortodontia, capacitado em odontologia do sono e doutorando pelo laboratório do sono do InCor, da Faculdade de Medicina da USP.
Av. Rebouças, 411 (Jardim Paulista), São Paulo, SP
