O novo líder é mais humano ou será substituído?

Mais do que inteligência artificial, é a indiferença que ameaça o papel da liderança nos tempos atuais  

*Por Chai Carioni 

 

Vivemos uma era em que se fala muito sobre o impacto da tecnologia nas relações de trabalho, especialmente da inteligência artificial. Mas talvez o maior risco para os líderes de hoje não seja a substituição por algoritmos, e sim por algo muito mais sutil e corrosivo: a indiferença emocional. Em um cenário de crescente adoecimento mental dentro das organizações, é o líder que ignora esse contexto que está, de fato, em extinção.

 

Estamos diante de um ponto de inflexão. A liderança que prospera não é aquela que controla, mas a que conecta. Que enxerga o ser humano por trás do crachá. Que entende que produtividade não se sustenta na base do esgotamento, mas na construção de ambientes psicologicamente seguros. O problema é que muitos ainda não compreenderam isso. Estão presos a um modelo de comando e controle que só alimenta o medo, a competição tóxica e o silêncio diante do sofrimento. 


O que a liderança ainda não entendeu sobre o adoecimento emocional é que ele não começa com um burnout dramático. Ele se instala aos poucos: na invisibilização do esforço, na ausência de escuta, na banalização do estresse e da sobrecarga. São as microviolências diárias — muitas vezes não intencionais — que corroem a saúde emocional das equipes e, com o tempo, afetam resultados, reputação e até mesmo a sustentabilidade do negócio. 


Hoje, ignorar os riscos psicossociais nas empresas não é mais uma falha de gestão — é uma vulnerabilidade de compliance. Organizações que não se atualizam nessa pauta correm sérios riscos legais, reputacionais e humanos. E isso inclui líderes que não se adaptam. A autoridade hoje não vem apenas do cargo, mas da capacidade de inspirar confiança, promover pertencimento e cuidar de pessoas de forma genuína. 


A pergunta não é mais se a liderança precisa ser mais humana. A pergunta é: quem vai seguir um líder que não é? 


Os líderes do futuro — e os do presente que querem permanecer relevantes — precisam compreender que a escuta ativa, a empatia e a inteligência emocional não são mais “diferenciais”. São a base de qualquer estrutura organizacional saudável. Se antes as competências técnicas eram o critério máximo de escolha, hoje, elas dividem o palco com a capacidade de construir relações autênticas. 

O novo líder será mais humano. 

Ou será, inevitavelmente, substituído. 

 

Sobre Chai Carioni 

Palestrante há mais de uma década, Chai possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e extensão internacional na UCI, Califórnia. Em 2020, foi reconhecida como Empreendedora do Ano pelo prêmio Lady Diamond, em São Paulo. Como mentora, guia profissionais que desejam dominar a comunicação assertiva, construir negócios de impacto e transformar vidas com coragem e integridade. 

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