Muitas pessoas roncam ocasionalmente, principalmente quando dormem de barriga para cima ou estão muito cansadas. No entanto, quando o ronco se torna frequente e intenso, pode ser um indício de apneia do sono.
O que é a apneia do sono?
A apneia do sono é um distúrbio caracterizado por interrupções na respiração durante o sono. Essas pausas podem ocorrer porque os músculos da garganta relaxam excessivamente, bloqueando temporariamente a passagem do ar. Quando isso acontece, o cérebro percebe a falta de oxigênio e envia um alerta para que o corpo volte a respirar, provocando pequenos despertares ao longo da noite.
Muitas pessoas que sofrem com apneia do sono não percebem essas interrupções, pois os despertares são rápidos e não chegam a ser lembrados no dia seguinte. No entanto, os efeitos dessa condição são significativos, já que impedem a progressão para as fases mais profundas do sono, resultando em cansaço excessivo e dificuldades cognitivas ao longo do dia.
O ronco persistente e alto pode ser um indicativo de que algo está errado, principalmente quando acompanhado de outros sintomas. Entre os sinais mais comuns da apneia do sono, destacam-se:
✅ Sensação de cansaço ao acordar, mesmo após uma noite inteira de sono.
✅ Dificuldade de concentração e sonolência excessiva durante o dia.
✅ Dores de cabeça matinais.
✅ Sensação de falta de ar ou sufocamento durante o sono.
✅ Boca seca ao despertar.
✅ Irritabilidade e alterações de humor frequentes.
✅ Pressão arterial elevada e histórico de problemas cardíacos.
A apneia do sono, quando não tratada, pode levar a diversas complicações de saúde. A falta de oxigenação adequada durante a noite sobrecarrega o sistema cardiovascular e aumenta o risco de:
🔴 Hipertensão arterial, infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
🔴 Desenvolvimento de diabetes tipo 2.
🔴 Alterações no metabolismo que dificultam o controle do peso.
🔴 Problemas de memória e dificuldades de aprendizado.
🔴 Risco aumentado de acidentes devido à sonolência excessiva.
Diagnóstico da apneia do sono
O diagnóstico da apneia do sono é feito por meio da polissonografia, um exame que monitora a respiração, os batimentos cardíacos, os níveis de oxigenação do sangue e outros parâmetros essenciais durante o sono.
Com os avanços da tecnologia, atualmente existem exames que podem ser realizados no próprio domicílio, tornando o diagnóstico mais acessível e confortável para o paciente. Sensores modernos registram informações essenciais enquanto a pessoa dorme, e a inteligência artificial auxilia na análise dos dados para identificar a presença e a gravidade da apneia.
O tratamento varia de acordo com a gravidade do problema e as características individuais de cada paciente. Em muitos casos, mudanças no estilo de vida podem contribuir significativamente para a melhora dos sintomas. Algumas das recomendações incluem:
✔️ Evitar dormir de barriga para cima, posição que pode facilitar o fechamento da garganta.
✔️ Manter um peso saudável, pois o acúmulo de gordura no pescoço pode agravar a obstrução das vias respiratórias.
✔️ Reduzir o consumo de álcool antes de dormir, já que a substância relaxa ainda mais os músculos da garganta.
✔️ Estabelecer uma rotina de sono regular, com horários fixos para dormir e acordar.
✔️ Praticar atividades físicas, que ajudam a fortalecer a musculatura e a melhorar a respiração.
Para casos mais graves, o uso de dispositivos como o CPAP – aparelho que mantém a passagem do ar aberta durante o sono – pode ser indicado. Outras opções incluem dispositivos intraorais, que ajustam a posição da mandíbula para melhorar a passagem do ar, e procedimentos cirúrgicos para corrigir obstruções anatômicas, quando necessário.
A importância de procurar ajuda médica
Quando o ronco se torna constante e interfere na qualidade do sono, ou quando há suspeita de apneia, é fundamental buscar orientação médica. A apneia do sono pode ser tratada, e o tratamento adequado melhora significativamente a qualidade de vida e previne complicações de saúde no futuro.
Cuidar da qualidade do sono é essencial para manter o corpo e a mente saudáveis. Assim como exames de rotina são realizados para avaliar outros aspectos da saúde, a investigação de distúrbios do sono deve ser levada a sério. A identificação precoce e o tratamento adequado garantem noites mais tranquilas e dias mais produtivos, promovendo bem-estar e longevidade.
*Alexandre Annibale é cirurgião dentista, especialista em ortodontia, capacitado em odontologia do sono e doutorando pelo laboratório do sono do InCor, da Faculdade de Medicina da USP.
Av. Rebouças, 411 (Jardim Paulista), São Paulo, SP