Espinhas inflamadas: o que acontece se você espremer?

A tentação de estourar aquele pontinho vermelho e dolorido no rosto é grande, mas o gesto pode ter consequências mais profundas do que aparenta

Quando uma espinha se torna visivelmente vermelha, inchada e quente ao toque, a estrutura do folículo piloso já está alterada: óleo, células mortas e bactérias acumulam-se no poro bloqueado, provocando inflamação. Ao apertar essa lesão, o conteúdo: pus, sebo e detritos, pode ser empurrado para dentro da pele ou para os tecidos vizinhos. Isso gera um aumento da inflamação local, que se manifesta como mais vermelhidão, inchaço e dor. Em paralelo, a ruptura do revestimento da lesão abre a porta para bactérias das mãos e do ambiente entrarem no local. 


Além disso, o ato de espremer favorece a formação de cicatrizes e manchas. A manipulação traumatiza a pele e afeta o processo de cura natural, levando à perda de colágeno em alguns casos. Isso cria depressões visíveis ou marcas permanentes — as chamadas cicatrizes em "ice pick" ou "boxcar", ou então manchas escuras resultantes da inflamação profunda que estimula a produção de melanina. Outro impacto relevante é o risco de espalhar a lesão: quando o pus e a bactéria se deslocam para folículos vizinhos, surgem novas espinhas ao redor do ponto original. 


Há ainda regiões que exigem cuidado extra: a área desde a ponte do nariz até os cantos da boca, apelidada de “triângulo da morte”, possui veias que se comunicam diretamente com o cérebro. Espremer uma espinha nessa zona pode, em casos raros, levar à infecção grave e potencial risco neurológico ou vascular. De modo geral, a pele levará mais dias para se recuperar, com o risco de o inchaço persistir além da duração habitual da lesão. Em muitos casos, esperas de três a sete dias tornam-se semanas. 


Diante dessas informações, a melhor abordagem não é o aperto, mas cuidados gentis e regulares: manter a pele limpa, usar produtos adequados para eliminação de oleosidade e acúmulo de células mortas, recorrer a compressas mornas para ajudar a lesão evoluir ou, quando necessário, procurar um dermatologista para extração segura ou tratamento tópico.

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