A influenciadora Virgínia Fonseca chamou atenção de seguidores ao afirmar que seu filho caçula tem “um mês para começar a falar”. A declaração levantou debates nas redes sociais sobre os marcos do desenvolvimento infantil e sobre quando, de fato, é possível considerar um atraso na fala.
De acordo com especialistas, cada criança tem seu próprio ritmo, mas existem parâmetros estabelecidos para orientar pais e profissionais da saúde. O desenvolvimento da comunicação começa ainda nos primeiros meses de vida, com sorrisos, balbucios e respostas sonoras, até a formação das primeiras palavras por volta de um ano de idade. Aos dois anos, espera-se que a criança já consiga formar frases simples, combinando duas palavras, e por volta dos três anos, que sua fala seja compreensível para familiares na maior parte do tempo.
A fonoaudióloga Letícia Sena reforça que “é essencial observar não apenas quando a criança começa a falar, mas todo o conjunto de sinais de desenvolvimento comunicativo e de linguagem”. Segundo ela, atrasos podem estar ligados a diferentes fatores — desde questões transitórias até condições como transtornos de linguagem, autismo ou síndromes genéticas.
“Estar atento precocemente faz toda a diferença. O cérebro da criança na primeira infância está em pleno desenvolvimento, criando conexões que serão fortalecidas ou descartadas nas chamadas podas neurais. Se essas conexões não forem bem estimuladas, a criança pode passar por etapas cruciais sem ter consolidado habilidades importantes”, explica Sena.
Marcos importantes do desenvolvimento da fala e da linguagem
- 12 meses: primeiras palavras simples, como “mamãe” ou “papai”.
- 18 meses: vocabulário entre 5 e 20 palavras.
- 2 anos: frases curtas de duas palavras.
- 3 anos: fala compreensível para a família na maior parte do tempo.
- 4 a 5 anos: discurso claro, frases complexas e narrativas simples.
Sinais de alerta incluem: ausência de palavras aos 16 meses, dificuldade de formar frases de duas palavras aos 2 anos, ou fala ainda pouco compreensível aos 3 anos.
O papel da família
Segundo Letícia Sena, os pais são peças fundamentais nesse processo. Brincadeiras, leituras, músicas e tempo de qualidade estimulam a comunicação de forma natural. “Respeitar o tempo da criança não significa ignorar sinais de alerta. O equilíbrio é fundamental: nem tudo é motivo para preocupação, mas dúvidas devem sempre ser investigadas por um profissional”, orienta.
Para ela, em um mundo cada vez mais acelerado, o maior desafio é encontrar espaço na rotina para se conectar com os filhos. “Não é preciso muito: 20 a 30 minutos de atenção de qualidade por dia já fazem diferença enorme. Cada semente de tempo que plantamos hoje se transforma em uma árvore no desenvolvimento saudável da criança”, conclui.
